Juventude e Sociedade
• A juventude se diferencia das outras gerações não apenas pela idade cronológica, mas também por suas características biológicas e por questões de ordens social, cultural, econômica e política.
• A diferença entre uma pessoa de 20 e 50 não se relaciona apenas com a evolução do corpo, mas também com as mudanças que ocorrem graças às suas relações sociais, afetivas e profissionais, às suas percepções do mundo e ao modo de agir sobre ele.
• A OMS (Organização Mundial da Saúde) adota o critério cronológico e aponta 3 grupos para a juventude: adolescentes (10 a 14 anos), jovens (15 a 19 anos), jovens adultos (20 a 24 anos).
• As formas de vida dos jovens trazem as marcas de seu lugar de origem, do convívio familiar, de sua formação religiosa…
→Apesar dessa diferença, a globalização permite que os jovens de diferentes lugares passem a ter experiências e comportamentos semelhantes, como práticas de consumo, gostos musicais e conflitos em relação a vida adulta.
→Portanto, a variedade de experiências de jovens é também limitada pelas desigualdades sociais, definidas por marcadores de classe, gênero e raça.
Escola, Juventude e Política
• Pessoas que vivem em sociedade se veem impelidas a agir conforme determinadas normas sociais apreendidas com base nessa socialização.
• A socialização é definida como um processo contínuo o qual os valores e os conhecimentos básicos de uma sociedade são transmitidos por meio de interações sociais.
• Por causa do desenvolvimento das sociedade cada vez mais numerosas, que exigiam regras e acordos entre muitos indivíduos, foram criadas novas formas de aprendizagem e de socialização, dentre as quais a escolarização (como processo) e a escola (como instituição).
• A disciplina foi o novo elemento de controle político criado para organizar e governar um crescente número de pessoas de forma descentralizada.
• Foucault
→A formação da sociedade disciplinar evidencia um processo de organização social que opera sobre o corpo dos indivíduos com o objetivo de criar um sistema harmonioso. Ou seja, busca internalizar nos sujeitos uma série de normas e valores de modo a fabricar corpos dóceis, adaptáveis às novas formas de convívios sociais.
→A partir do século 19, diversas instituições (escolas, fábricas, prisões, manicômios), baseadas em preceitos racionais e técnico-científicos, passaram a cumprir o papel de organizar a vida em sociedade.
→Embora cada instituição disciplinar apresenta peculiaridades, todas seguem um mesmo princípio, baseado na obediência às regras, na hierarquia e na normalização das relações.
→Para o filósofo, aqueles que não se adaptam às normas e à hierarquia institucional passam a ser rotulados delinquentes, criminosos, vândalos e loucos. Dessa forma, seria legítimo isolá-los em espaços de confinamento para correção, adestramento, e normalização de sua conduta.
→A ideia de ordem está relacionada ao comprimento de determinados papéis sociais, cuja função é trazer “a harmonia e o progresso” para a sociedade.
→Do ponto de vista econômico, a produção de corpos dóceis permite um aumento na produtividade, já que os indivíduos tendem a se adequar mais facilmente ao modo de produção capitalista.
→A sociedade moderna se organiza por meio de uma rede de poderes e saberes que adestra os indivíduos com base em padrões comportamentais e subjuga seus corpos, constrangendo-lhes a liberdade e o desejo.
→Para Foucault, a existência do indivíduo seria marcada, por um lado, por uma letra entre a ação de mecanismos sociais que buscam criar um padrão considerado normal para a conduta e para o desejo individuais, e, por outro lado, a busca da libertação desses mecanismos sociais, por meio da sustentação de uma vivência do desejo livre de padrões, com base na singularidade individual.
• Bourdieu
→A verdade é definida pelos que estão no topo da pirâmide social, as elites intelectual, política, econômica e religiosa.
→O sistema escolar é um mecanismo de distinção entre os que aprendem essa verdade e os que não aprendem ou os que não tiveram a oportunidade de fazê-lo.
→O que constitui um dos fundamentos da colaboração profunda que une os membros das classes dominantes é o acesso ao ensino de qualidade.
Fonte: CERICATO, Lauri. et al. Revisão Anual de Sociologia. São Paulo, SP: Editora FTD, 2018.
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