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Sociologia: Cultura e Sociedade

Cultura e Sociedade

• Seu movimento é horizontal e ela é constantemente ressignificada, ou seja, a cultura não é imutável.

Cultura: Compreendida como o complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas e intelectuais... transmitido coletivamente e típico de uma sociedade.

• Cultura é o conjunto de práticas e saberes de diferentes grupos humanos.

• Sociedades ocidentais, hierarquizadas por distintas esferas de poder econômico, os grupos sociais são considerados detentores de capital cultural.

Bourdieu - capital cultural: Conjunto de conhecimentos legitimados e valorizados socialmente por meio de diplomas, publicações, e que estão na origem, por exemplo, da desigualdade na instituição escolar, e que reproduz, muitas vezes, o que é considerado como cultura pelo saber hegemônico.

Capital cultural é reproduzido em espaços de sociabilidade (escolas, mercado de trabalho, restaurantes, circuito de arte…) e pode definir as possibilidades sociais e econômicas de um indivíduo em sua trajetória de vida.

Hoggart e Williams: Cultura popular, além de expressar a produção de valores compartilhados por determinados grupos, pode apresentar-se como uma forma de resistência dos dominados perante as classes favorecidas que menosprezam o modo de vida dos grupos populares, assim como sua produção cultural.

Williams: Os estudos culturais são uma forma de compreender as relações entre cultura e sociedade e, para isso, o objeto de estudo preferencial é a arte, preferencialmente a arte literária.

• Hierarquização de culturas:

→Cultura Popular: Associada aos saberes (às ideias, atitudes, práticas e às manifestações artísticas) das classes desfavorecidas.

→Cultura Erudita: Associada a saberes das elites sociais, econômicas, políticas e culturais, alicerçada no conhecimento científico e vista como produção vanguardista e dominante de uma sociedade.

- Produzida e consumida pelos eruditos (têm instrução formal acadêmica).

- Seu acesso é restrito aos que possuem condições econômicas favorecidas.

- Sociedades ocidentais a veem como bens culturais de alto valor contemplativo.


Estruturalismo antropológico de Lévi-Strauss

• Elaborou uma interpretação sobre o modo de pensar das sociedades julgadas como primitivas ou tradicionais (pensamento selvagem).

Pensamento selvagem: detentores de lógica própria, cujos indivíduos pensam o mundo por meio de mitos e de um conhecimento mágico que utiliza formas próprias de classificação.

→Não é menos importante que o pensamento científico moderno ocidental.

→Usa a intuição e a percepção, opera na concretude dos fenômenos e dá maior atenção ao que é específico.

→É mítico e a mais pura forma de pensamento.

Pensamento científico moderno ocidental: Usa conceitos abstratos e predominamente racionais para teorizar o pensamento, dando maior atenção às totalidades e aos grandes esquemas explicativos.

• As 2 formas de conhecimento realizam operações mentais, ordenações associações e construções tecnológicas igualmente sofisticadas. O que as diferencia é o tipo de conhecimento que cada sociedade absorve do mundo por meio dos sentidos e quais elementos usa para pensar.

• Formas que antes eram entendidas como inferiores e atrasadas passam a ser compreendidas como mais um modo de organização que o ser humano pode se desenvolver na sua relação com o mundo.

• Ideia de cultura para a ser uma produção, não uma organização da natureza.

• Não é possível, portanto, estabelecer uma hierarquização entre culturas maiores vs culturas menores ou entre culturas selvagens vs culturas civilizadas.


Tradição Inventada de Hobsbawm

• Quando surgiram os estados nacionais, eles precisavam justificar essas unificações, que na dinâmica das relações sociais, foram constituídas de forma arbitrária, e muitas vezes, impositiva.

• Elaboram uma tradição cultural comum, capaz de unificar as diferenças e fortalecer as semelhanças. Esse processo é chamado de Tradição Inventada.

• “Por “tradição inventada”, trata-sa de reunir várias peças de um quebra-cabeça cultural de monta-las para servir aos propósitos do Estado Nacional em formação.

→Coletar narrativas orais e fábulas, recordar origens étnicas e linguísticas e criar bandeiras, hinos, brasões foram as estratégias encontradas.

→Eventuais diferenças foram submetidas ao espírito nacional, a unidade e ao bem comum.

→O trabalho dos Estados de formular essas tradições e levá-las às suas populações como elementos de coesão, tem propiciado, ao longo de décadas, a formação e o fortalecimento das nações.

Burke: arte seria a representação mais completa de uma cultura e, portanto, de uma sociedade.

→século 20: história passa a dialogar com a concepção antropológica de cultura.


Adorno e Horkheimer - Indústria Cultural

• Se baseou no pressuposto que o iluminismo foi um movimento político da burguesia que produziu consequências graves p/civilização, como a adoção de razão instrumental (ciência se torna instrumento de dominação) para regular todos os âmbitos da vida social, entre elas, a arte.

• A partir da 2ª guerra e da massificação industrial, deu-se a ascensão do consumo de produtos culturais padronizados, que visavam apenas ao lucro dos empresários, desvinculando a arte de seu potencial libertador capaz de provocar reflexão e crítica.


Hall - Hibridismo Cultural

• Procura entender as mudanças dos antigos referenciais de identidade, que estariam em declínio, com o surgimento de novas formas identitárias.

• Apresentamos identidades variáveis, e todas elas compõem o universo cultural dos indivíduos e também das sociedades.

• Vivemos um período em que as identidades não tem mais um centro, pois são deslocadas e fragmentadas.

Identidade Híbrida: Varia conforme o contexto, época, relações e não estão relacionadas a ideia de raça ou as concepções etnocêntricas de cultura.


Marx - Etnicidade

• Etnicidade é uma identidade autoconsciente e reivindicada, compartilhada com outros com base na crença em uma ascendência comum. Pode ter relação com o país de origem, língua, religião ou costumes, e ser moldada pelo contato com os outros e por experiências de colonização ou imigração.

• Colabora para o entendimento da diversidade cultural e da autopercepção tanto dos indivíduos quanto dos grupos sobre seu pertencimento, suas práticas, seus valores, sua identidade, que não estão obrigatoriamente ligadas a um sentido de nacionalidade ou de unidade nacional.

• Etnicidade não seria estável, mas seria um conjunto de relações e práticas que estabelecemos, adotamos e para as quais criamos um valor.


Antropologia e Cultura

Etnocentrismo: visão de mundo característica de quem considera o seu grupo étnico, nação ou nacionalidade socialmente mais importante do que os demais.

Cultura: conceito que atravessa as interações sociais, porque trata essencial- mente da forma como lidamos com o outro, com quem é diferente de nós.

Alteridade: A interação e o entendimento do outro, seja na relação do indivíduo em sua própria sociedade, seja no olhar do pesquisador diante dum grupo social e cultural diferente do seu. É um exercício de compreensão das diferenças.

Relativismo Cultural: Propõe observar sistemas culturais distintos da cultura do pesquisador sem colocar em primeiro plano seu olhar e seus valores. Trata-se de evitar o etnocentrismo, ainda que a sociedade estudada seja etnocêntrica.

Multiculturalismo e Interculturalismo: Indicam que, mais do que exercitar o relativismo, é preciso entender a importância das manifestações culturais distintas que ocorrem dentro e fora das fronteiras nacionais.

Cultura Global: Códigos entendidos para uma comunidade que ultrapassa os territórios nacionais, por meio dos processos de trocas e ressignificações e apropriações culturais.


Religião

• Religiões são compostas de um sistema de crenças e rituais, mas também constituem fatos sociais, na medida em que estão presentes tanto no imaginário como em nossas práticas cotidianas.

Ascetismo intramundano: doutrina que propõe o autocontrole e códigos disciplinares para atingir a virtude.

→Defende que regras voltadas para a glória divina devem ser conduzidas no mundo concreto, no dia a dia do trabalho, ou seja, nas ações diretas e práticas, e não na contemplação e nos sentimentos abstratos.

Weber:

→Religião é o “desencantamento do mundo” (passagem das crenças para as religiões ritualizadas e institucionalizadas e, em seguida, para o pensamento racional-burocrático, que caracteriza o mundo moderno).

→Grupos sociais possuem aspectos estruturantes, como símbolos, organização político-jurídica, valores, etc. oriundos das crenças que seus povos, antigos e contemporâneos, desenvolveram, reproduziram e ainda reproduzem.

→Variações do protestantismo, sobretudo as voltadas para o ascetismo, atuaram como uma forma de motor moral favorável ao processo de racionalização das ações dos indivíduos e contribuíram para dinamizar o capitalismo.

→Uma característica do protestantismo é a virtude ascética (construção ética segunda a qual a combinação entre a luta cotidiana dos homens a favor do trabalho e a contenção dos desejos próprios da natureza humana promoveria a autêntica salvação e a diferenciação entre os afortunados e os desafortunados).

Marx:

→Religião como uma das ideologias da superestrutura da sociedade burguesa que precisariam ser rompidas para que surgisse uma nova ordem social, economicamente justa, e livre das amarras do “cálculo do lucro”.

→Religião é um véu que encobria as relações de produção.

→A crença religiosa seria uma construção dos homens, da sociedade, para dar sentido à existência e impulsionar a sociedade, a economia e a política.

→Na religião, os deuses tornam-se redentores e impõe aos homens valores e normas de conduta a serem seguidas; portanto, negando a eles o exercício pleno de sua autonomia.

→O caminho para felicidade passaria pela libertação da vida de sofrimento que leva os homens a precisar de um substituto. A auto emancipação é dever do homem realizar seu potencial

Durkheim:

→Religião era um fato social na qual a “forma elementar” seria um sistema de crenças e de rituais capazes de estabelecer a solidariedade e proporcionar um estado mental (individual) e um bem-estar (coletivo) que ofereçam sentido à vida.

→As crenças são os ideais e as representações, enquanto os ritos buscam reafirmar a ordem, as condutas e a organização social.

Sagrado: oferece sentido e unidade à vida social, contribuindo para o desenvolvimento da noção de pertencimento dos indivíduos.

→A sociedade que define o entendimento do que é sagrado.

Profano: elementos caracterizados pela repetição que não podem ser misturados ao sagrado.

Laicidade:

→Uma pessoa religiosa teria os mesmos direitos de se expressar publicamente que uma não religiosa;

→Não deve-se promover medidas autoritárias que favoreçam alguma crença;

→Estado não interfere na vida religiosa das pessoas.


Fonte: CERICATO, Lauri. et al. Revisão Anual de Sociologia. São Paulo, SP: Editora FTD, 2018.



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