GIDDENS
Um Mundo em Mudança e a Globalização
• É criada pela convergência de fatores políticos, sociais, culturais e econômicos. • Foi impelida, sobretudo, pelo desenvolvimento de tecnologias da informação e da comunicação que intensificaram a velocidade e o alcance da interação entre as pessoas ao redor do mundo.
• Processos que estão intensificando relações e interdependência social global.
• Desenvolvimento de redes mundiais (sistemas sociais e econômicos que estão distantes de nossas preocupações individuais). É também um fenômeno local (um fenômeno que afeta a todos nós no nosso dia-a-dia).
• Está fundamentalmente mudando a natureza de nossas experiências cotidianas. Como as sociedades nas quais vivemos, passa por profundas transformações, as instituições estabelecidas que outrora as sustentavam perderam seu lugar. O modo como pensamos nós mesmos e nossas ligações com outras pessoas está sendo profundamente alterado pela globalização.
• Leva a um novo individualismo, no qual as pessoas devem ativamente se autoconstituir e construir suas próprias identidades.
• Fim da Guerra fria, queda da URSS, propagação da tecnologia e informação contribuíram para o aumento da globalização.
• A globalização produz riscos, desafios e desigualdades que atravessam as fronteiras nacionais e escapam ao alcance das estruturas políticas existentes. Por estarem os governos individuais despreparados para controlar essas questões transnacionais, há a necessidade de novas formas de governo global que possam enfrentar os problemas globais de uma forma global. Reafirmar nossa vontade na globalização pode ser o maior desafio do séc 21.
Raça, Etnicidade e Migração
• Raça: é um conjunto de relações sociais que permitem situar os indivíduos e os grupos e determinar vários tributos com base em aspectos biológicos.
→Representam mais que formas de descrever diferenças humanas - são também importantes na reprodução de padrões de poder e desigualdade dentro da sociedade
• Etnicidade: refere-se às práticas e visões culturais de determinada comunidade de pessoas que as distinguem de outras .
→Os membros dos grupos étnicos consideram-se culturalmente distintos de outros grupos da sociedade e, são vistos dessa forma por esses outros grupos.
→Podem servir para distinguir um grupo étnico de outro: os mais comuns são língua, história ou linhagem (real ou imaginada), religião, estilo de roupa/adorno
• Grupos minoritários: são geralmente minorias étnicas.
→Os membros desses grupos estão em desvantagem comparados com a população majoritária e possuem um senso de solidariedade de grupo.
→As distinções étnicas raramente são neutras, mas é comum estarem associadas a desigualdade sem relação à riqueza e ao poder, assim como há antagonismos entre grupos.
→A experiência de ser objeto de preconceito e discriminação normalmente reforça os sentimentos de lealdade e de interesses em comum.
• Preconceito: refere-se a opiniões ou atitudes defendidas por membros de um grupo em relação a outro grupo.
→Frequentemente embasados em estereótipos, caracterizações fixas e inflexíveis de um grupo de pessoas, sendo, em geral, aplicados a grupos étnicos minoritários
→Se o preconceito define as atitudes e as opiniões, a discriminação diz respeito ao comportamento concreto em relação a um grupo ou indivíduo.
→A discriminação pode ser percebida em atividades que excluem membros de um grupo das oportunidades abertas a outras pessoas.
• Racismo: preconceito baseado em distinções físicas socialmente significativas.
→Uma pessoa racista é aquela que acredita que alguns indivíduos são superiores ou inferiores a outros com base em diferenças racializadas.
• Racismo institucional: sugere que o racismo permeia todas as estruturas da sociedade de um modo sistemático.
• Afirma que instituições como a polícia, serviço de saúde e sistema educacional, todas promovem políticas que favorecem certos grupos enquanto discriminam outros
• Interpretações psicológicas:
→O preconceito funciona principalmente por meio do pensamento estereotípico.
•Teoria do “bode expiatório": é uma prática comum quando dois grupos étnicos carentes concorrem entre si por recompensas econômicas.
→Normalmente atacam grupos que sejam distintos e relativamente impotentes.
•Teoria da personalidade autoritária: refere-se à atribuição inconsciente dos próprios desejos e ódios a outras pessoas.
→Quem tem uma personalidade autoritária tende a ser rigidamente conformista, submisso a seus superiores e a repudiar seus inferiores. Essas pessoas são também altamente intolerantes em suas atitudes religiosas e sexuais .
•Essas abordagens supõem que o racismo seja um conjunto de convicções de um pequeno nº de indivíduos, os quais revelam traços psicológicos particulares.
Por outro lado, as interpretações sociológicas procuram situar as causas do racismo e do preconceito na cultura ou nas estruturas da própria sociedade.
• Interpretações sociológicas:
• Etnocentrismo: desconfiança em relação às pessoas de fora, combinada a uma tendência de avaliar a cultura dos outros relacionando-a à sua própria cultura.
→As pessoas que vem de fora são imaginadas como estranhas, bárbaras ou moralmente inferiores.
• Fechamento de grupo: Refere-se ao processo pelo qual os grupos mantêm fronteiras que os separam de outros. As fronteiras são formadas por meio de dispositivos de exclusão que aumentam as divisões entre um grupo étnico e outro (limitação ou proibição do casamento, restrições ao contato social ou relações econômicas, separação física de grupos - guetos étnicos).
→O fechamento de grupo coincide com a alocação de recursos, que institui desigualdades na distribuição de riqueza e dos bens materiais.
Em uma era de globalização e rápida mudança social, cresce o nº de Estados a se defrontarem com os benefícios e os complexos desafios da diversidade étnica.
• Modelos de integração étnica:
→Assimilação: Significa que os imigrantes abandonam seus costumes e práticas originais, moldando seu comportamento aos valores e às normas da maioria.
→Meltingpot: em vez das tradições dos imigrantes serem dissolvidas em favor daquelas tradições dominantes preexistentes, elas se misturam para formar novos padrões culturais.
→Pluralismo cultural: objetiva cultivar o desenvolvimento de uma sociedade genuinamente plural, na qual se reconhece a igual validade de numerosas subculturas diferentes.
• Conflitos étnicos:
→Limpeza étnica: Tentativa de criação de áreas etnicamente homogêneas com a expulsão forçada (violência direcionada, assédio, ameaças e campanhas de terror) em massa de outras populações étnicas.
→Genocídio: representa a eliminação sistemática de um grupo étnico pelas mãos de outro.
• Movimentos Migratórios: A imigração é o movimento de pessoas que entram em um país para fixar residência, e a emigração é o processo inverso, pelo qual pessoas deixam um país para residirem em outro.
→Modelo clássico de migração: a imigração é estimulada e a promessa de cidadania estende-se aos recém-chegados (Canadá)
→Modelo colonial de imigração: tende a favorecer mais os imigrantes vindos de antigas colônias do que de outros países (França, Reino Unido).
→Modelo de trabalhadores-visitantes: imigrantes são aceitos temporariamente (não recebem os direitos de cidadania) a fim de preencher as demandas existentes no mercado de trabalho (Alemanha, Suíça, Bélgica).
→Modelo ilegal de imigração: tornando-se comum devido ao endurecimento das leis de imigração (Mexicanos nos EUA; bolivianos no Brasil)
• Diásporas Globais: refere-se a dispersão, em áreas estrangeiras, de uma população étnica ocorrendo, na maioria das vezes, de maneira forçada ou sob circunstâncias traumáticas.
→Embora os membros de uma diáspora sejam, por definição, espalhados geograficamente, ele se mantém identitariamente unidos pela história em comum, pela memória coletiva da terra natal e/ou pela identidade étnica comum que é nutrida e preservada.
→Movimento forçado ou voluntário de uma terra natal para uma nova região(ões)
→Há uma forte identidade étnica que ultrapassa os limites do tempo e da distância
→Existe um senso de solidariedade com os membros do mesmo grupo étnico que também moram nas mesmas áreas de diáspora
→Há um grau de tensão em relação à receptividade das sociedades-anfitriãs.
→Existe potencial de contribuições valiosas e criativas para as sociedades anfitriãs pluralistas
• Globalização intensifica migração e o compartilhamento de cultura.
Para ler Giddens, Sociologia, páginas 59-80 e 203-218:
LARAIA
• A cultura pode influenciar em vários âmbitos de nossas vidas, sobre a nossa visão sobre o mundo, e até mesmo no plano biológico, tendo cada indivíduo seu papel na cultura, que segue uma lógica, e uma dinâmica.
• “Ruth Benedict escreveu em O crisântemo e a espada que a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo. Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas, construindo uma pluralidade ampla.”
• “O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, resultado da operação de uma determinada cultura.”
• Todos homens possuem o mesmo equipamento anatômico, mas o que difere o seu comportamento é a sua cultura.
• Apatia: oposto do etnocentrismo; em lugar de superestimar os valores de sua própria sociedade, numa dada situação de crise os membros de uma cultura abandonam a crença nesses valores e, consequentemente, perdem a motivação que os mantém unidos e vivos.
• Efeito Placebo: “A cultura também é capaz de provocar curas de doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem quando existe a fé do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais.”
• A cultura é muito ampla, portanto a participação cultural de um indivíduo na sociedade é sempre limitada, porém este deve estabelecer um mínimo de participação na cultura para permitir a articulação com outros cidadãos, sabendo como agir em certas situações e até mesmo podendo prever a ação do outro.
→Idade e sexo podem ser fatores que resultariam nessa limitação de participação na cultura.
• Cultura possui uma lógica e uma dinâmica própria, e extinguir o hábito de considerar lógica somente a sua própria cultura, sabendo também que a cultura está em constante transformação, e que o processo histórico nunca irá parar, podendo essas mudanças serem mais lentas, ou uma mudança rápida e brusca, sendo este o único procedimento que prepara o homem o para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir.
• Cultura se modifica em todas as sociedades, pois os homens sempre questionam seus hábitos e procuram modificá-los, a fim de adequá-los a uma necessidade, essas mudanças podem ter ritmo diferente de uma para outra, daí a impressão de que algumas sociedades estão estáticas.
• O contato com outros sistemas, muitas vezes estimulam a mudança, pois os homens têm a capacidade de questionar seus próprios hábitos e modificá-los.
• Existem dois tipos de mudança cultural:
→interna: resultante da dinâmica do próprio sistema; as mudanças são lentas
→externa: resultante do intercâmbio com outros sistemas culturais; as mudanças são mais rápidas e bruscas,
→Pode ser também um processo gradativo (as trocas de padrões acontecem sem grandes traumas).
• O tempo é elemento importante para analisar uma cultura, pode-se encontrar em um mesmo momento, dentro de uma mesmo sociedade pessoas com juizos totalmente opostos sobre determinado fato.
• Os sistemas culturais sempre estão em mudança, é necessário entendê-los a fim de minimizar o choque entre as gerações e culturas, e consequentemente evitar expressões preconceituosas.
• É necessário que a humanidade compreenda essa diferença entre os povos, pois é assim que o homem se prepara para o novo em constante dinamismo.
Para ler Laraia, Cultura: um conceito antropológico
LEBRUN e Poder
• Apresenta o poder como um monstro
• Potência (poder): Capacidade de efetuar um desempenho determinado, ainda que o ator nunca passe ao ato. “dispõem de recursos que podem aplicar a qualquer momento. No domínio das relações políticas, esta potência - não de tornar-se, mas de exercer se - é a única que pode interessar-nos”
• Força: meios que possibilitem a influência no comportamento de outra pessoa, sendo que esses não necessariamente são obrigados a noção de força física, como no uso de meios violentos de coerção, por exemplo; “é a canalização da potência, é a sua determinação”
• Política: Atividade social que se propõe a garantir pela força a segurança externa e a concórdia interna (ordem) de uma unidade política particular.
• Teoria da Soma-Zero: “Se X tem poder, é preciso que em algum lugar haja um ou vários Y que sejam desprovidos de tal poder: o poder é uma soma fixa, tal que o poder de A implica o não-poder de B.
• Critica o absolutismo e o liberalismo. Um é muito rígido, outro muito livre
• Para viver em sociedade é necessário vencer o individualismo e para isso cidadãos devem se entender como um coletivo, isso quer dizer que a sociedade deve possuir o poder da iniciativa política. Isso só é possível quando o poder é visto como mais do que o “mando”, ele deve ser visto também como a participação do povo na vida pública.
• Lebrun conclui que as sociedades necessitam de uma forma de organização (muitas vezes podendo ser repressiva), mais do que isso, é necessário um acordo entre cidadão e estado, sendo o poder político o meio para esse fim.
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