Obras de Vestibular: Filosofia
- alando
- 19 de mai. de 2021
- 13 min de leitura
Atualizado: 3 de nov. de 2021
ARENDT
• O Homem: Um animal Social ou Político:
→A vita Ativa (ou vida humana), na medida em que se empenha ativamente a fazer algo, tem raízes permanentes num mundo de homens, ou de coisas feitas por homens, um mundo que a vida humana jamais abandona ou chega a transcender completamente.
→O ambiente/mundo ao qual viemos, não existiria sem a atividade humana que a produziu (coisas fabricadas; terras de cultivo; corpo político)
→Nenhuma vida ou atividade humana seria possível sem outros seres humanos.
→Ação humana depende inteiramente da constante presença de outros homens e não pode ser realizada sozinha, pois depende do outro
→Para Tomás de Aquino “homem é um ser naturalmente político, ou seja social”, isso quer dizer que o homem naturalmente tem essa organização política de viver em sociedade e formar grupos.
→Os gregos acreditavam na organização política como superior, quando relacionada a casa e família, mas achavam que a organização social nos aproxima dos animais, já que eles também vivem em bando, que era imposta pelas necessidades da vida biológica, sendo oposta a organização política.
→2 atividades cruciais numa sociedade política: ação (práxis) e discurso (léxis)
- quase todas as ações políticas, na medida em que permanecem fora da esfera da violência, são realizadas por meio de palavras (discurso), porém o ato de encontrar as palavras adequadas no momento certo constitui uma ação. Somente a pura violência é muda, e por isso, a violência jamais pode ter grandeza.
- Nas pólis gregas, a ênfase passa da ação para o discurso, visto que vale mais a pena você persuadir alguém a fazer o que você quer por meio de discurso, enquanto a violência (ação) era vista como método primitivo
→De acordo com Tomás de Aquino, “o chefe da família tem certa semelhança com chefe do reino; mas, seu poder não é tão “perfeito” quanto o do rei”. isto não porque o poder do rei fosse igual a combinação dos poderes dos chefes de família, mas porque o domínio absoluto e incontestável e a existência de uma esfera política propriamente dita não podem existir ao mesmo tempo.
• A Pólis e Família
→A distinção entre a esfera pública (vida na pólis) e a privada (vida no lar), foi, com o advento da modernidade, perdendo a sua força.
→A vida em família não era uma forma de “política privada” em contraposição às “políticas públicas”, era, sim, um estado pré-político, onde os pré-requisitos para a constituição da vida pública sequer existiam.
→A principal consequência disso foi o aniquilamento da própria vida pública, pois esta esteve em oposição à vida doméstica
→A vida doméstica é o lugar da dominação, onde a violência encontra espaç, que cabe ao chefe de família hierarquizar as forças. É o lugar, por conseguinte, do medo, pois nele existe a relação do governante com o governado, e a necessidade de sobreviver.
→A vida pública é o espaço da liberdade, onde o desejo de sobreviver, que presumivelmente já deveria estar suprido, é suplantado pelo interesse dos seus pares. Onde não há mais governantes e governados, mas tudo é decidido entre iguais, que se livraram das necessidades biológicas da vida, para buscarem outros bens.
→A vida privada que, de certa forma, deveria, em algum momento, ceder lugar à vida pública
• Advento Social
→Na renascença, com declínio dos feudos, houve uma dissolução da famíliaFormação de “micro-sociedades” que só se diferenciavam dos moldes da vida pela quantidade dos seus membros.
→A privacidade não é mais o espaço reservado à família, mas é o direito do indivíduo à intimidade.
→Para o grego, a vida privada é aquela que priva o homem do bem humano mais eloquente: a manifestação da sua individualidade, que só pode ocorrer em meio aos seus pares na vida pública. Por conseguinte, quem cultiva a vida privada, priva-se daquela existência que é própria do homem.
Arendt, analisando o pensamento grego, distingue, no homem, o animal social e o animal político. Para ela, na concepção grega, o que distingue o homem dos animais é a vida política (a vida da pólis, onde o cidadão terá a oportunidade, por meio de ações espontâneas, feitos e ditos, de distinguir-se dos seus pares). A vida pública é o reino da liberdade, espaço privilegiado para a expressão da individualidade do homem. Por meio de seus ditos e feitos, o cidadão pode eternizar-se na lembrança da posteridade.
A vida na cidade se diferencia da vida meramente social. A vida social é uma simples extensão da vida dos clãs, e a vida pública é o reino da igualdade, que se constitui exatamente pela habilidade de cada indivíduo, por meio de seus ditos e feitos, exprimir a sua individualidade.
Na sociedade da família (lar), reina a força, pois é o pai de família aquele que organiza as funções dos que estão submissos a ele, a fim de que todos consigam atender às necessidades básicas da sua subsistência. Na família, o homem se encontra sob o jugo da necessidade, ele precisa suprir tudo aquilo de quanto precisa para se manter vivo. Na vida pública, o homem se encontra livre do compromisso de manter-se vivo, pois isto, já o dissemos, pertence à esfera do lar.
Na vida da pólis, vale, antes, o exercício da sua individualidade, ele não é nem comandado e nem comandante. O homem político quer engajar-se nos compromissos da vida pública, não para promover ou conservar a sua existência individual, mas para, por meio da sua individualidade, a fim de que esta se destaque das outras individualidades, fomentar o que é de interesse público, e procura fazê-lo mediante os seus ditos e feitos.
A vida da pólis está desinteressada dos assuntos concernentes à vida privada do homem. Não importa ao cidadão, no âmbito político, prover a sua subsistência e demais necessidades, isto são ocupações próprias da vida privada.
Foi somente com o nascimento das modernas sociedades, que o trabalho se elevou como principal categoria da vida social e esta foi simplesmente confundida com a vida política.
Em nosso tempo, a excelência de um cidadão não se mede mais pela originalidade dos seus ditos e feitos no âmbito público, mas pela posição que ocupa numa sociedade constituída por patrões e empregados. O trabalho que, no passado, sempre foi signo de sofrimento e “morte em vida”, hoje se tornou emblema de excelência, tanto que o que tipifica o bom cidadão é o fato de ele ser um trabalhador e não necessariamente um homem público. Aquilo que era privado tornou-se dentro do escopo da nossa sociedade, um espetáculo público: o homem, diante dos seus semelhantes, expõe-se quase como um animal na luta por um trabalho e pela sobrevivência, e não mais se preocupa mais o que, outrora, constituía a vida pública.
Antes, a participação na vida pública era o seu verdadeiro bem, e a dinâmica da vida privada significava exatamente um tempo em que o homem estava privado do seu verdadeiro bem, isto é, a convivência com os pares no ambiente público.
Hoje ocorre uma inversão de valores, a “natalidade” e a “novidade” que existem em toda ação pública estão subsumidas pelo comportamento das chamadas “sociedades de massa”. A igualdade é hoje entendida como uniformidade, ou seja, todos se comportam da mesma maneira e, por isso, são iguais. Ora, na concepção grega, a igualdade era adquirida precisamente quando o indivíduo, pelos seus ditos e feitos, afirmava-se como diferente e até superior ao outro.
Subjugado pelas sociedades de massa, o cidadão, se ainda existe, é porque resiste, e tornou-se de protagonista um estranho figurante, coadjuvante. Os próprios gregos já “previam” isso, ao perceberem que uma “cidade-estado” começava a se expandir, logo a dividiam em duas, porque viam nos grandes “aglomerados” um risco para o exercício da vida pública e o consequente perigo do surgimento dos governos despóticos. Talvez, as nossas cidades-nação tenham conhecido tantas tiranias, exatamente por não terem levado em conta que, com o aniquilamento da vida pública, segue-se, quase que naturalmente, o nascimento de governos absolutistas ou totalitários, e o esfacelamento de toda vida digna do homem.
Hoje somos incapazes de pensar a vida pública desvinculada de questões sociais concernentes à subsistência e à satisfação das necessidades básicas do homem.
Contudo, para o grego, a vida pública se constituía exatamente por uma “libertação” destas questões. Ela era o espaço para o exercício da liberdade, que consistia na possibilidade que todos tinham de expressar, através dos seus ditos e feitos, a individualidade. E isto era a igualdade: todos tinham assegurados e garantidos a prerrogativa de exprimirem-se na sua individualidade.
Para ler A Condição Humana de Hannah Arendt, Capítulo 2:
HERÁCLITO
• Acreditava no princípio único abalizado na filosofia unitarista, cujo princípio estava fundamentado na unidade elementar e, no seu caso, o elemento fogo, pois representa um constante processo. Tudo vem do fogo, por rarefação e condensação.
• ”Tudo provém do um e um provém do todo”
• Como o andar que nos desequilibra e recompõe o equilíbrio a cada passo. Admirável é que a tensão entre os contrários não produz destruição das forças em conflito (como em uma guerra), mas harmonia: "o contrário é convergente e dos divergentes nasce a mais bela harmonia, e tudo segundo a discórdia".
não existe escuridão sem luz; só existe o conceito de “paz”, se tem guerra; esse choques contrários, são inevitáveis e necessários para compreendermos a estrutura do real.
• Tudo flui; o movimento é real
• Afirma que existe uma linguagem universal cósmica que “nem se manifesta nem oculta”, mas oferece-se a algo a ser decifrado e interpretado (uma razão, que comanda o mundo). Essa razão é de difícil compreensão, já que não pertence a natureza (externo a nós; metafísico).
Para mais de Heráclito: Filosofia Antiga - Pré-Socráticos:
Para ler HERÁCLITO DE ÉFESO (A - Doxografia; B - Fragmentos; C - Crítica Moderna: 1. Georg W. F. Hegel e 2. Friedrich Nietzsche). Coleção Os Pensadores. Pagina 89-127:
KANT - Fundamentação Metafísica dos Costumes
• O objetivo de Kant com a fundamentação da Metafísica dos Costumes é buscar um princípio de moralidade (origina-se na vontade moral pura, isto é, no próprio sujeito da ação) que fundamente os costumes, o agir moral. As leis morais orientam esse agir humano. Sendo o ponto de partida a boa vontade (a única coisa em si mesma).
• As qualidades morais que predicam as coisas não se encontram nas coisas mesmas. Dizemos que algo é bom ou mal, porém as coisas não são nem boas nem más em si mesmas. O homem é o único ser do qual se pode predicar a bondade ou a maldade, pois é ele que ao mesmo tempo, em que realiza uma ação, almeja com isso alcançar uma finalidade.
• A predicação moral tem relação com a finalidade da ação humana, com aquilo que deseja e se tenta realizar. Assim, temos a conclusão de que a única coisa que pode ser boa ou má é a vontade humana.
• As leis morais se diferenciam de tudo que seja produto da experiência, ou seja, de tudo que seja empírico. Neste sentido, a filosofia moral assenta totalmente na sua parte pura, não recebendo nada do conhecimento do homem, mas , ao contrário, fornecendo a este, como ser racional, leis à priori (princípio anterior à existência).
• Sua importância reside no fato de não apenas ela permitir investigar a origem dos princípios práticos que residem aprioristicamente na razão, mas também devido ao fato dos costumes poderem se perverter, quando falta um elemento que o conduza para a moral, pois o moralmente bom deve cumprir-se por amor da lei moral.
Para ler Kant, Fundamentação Metafísica dos Costumes:
LA BOÉTIE: Discurso da servidão voluntária
• O Discurso da servidão voluntária de Étienne de La Boétie é uma análise política sobre a obediência. Afirma que estados e governos são mais vulneráveis do que as pessoas imaginam e podem entrar em colapso em um instante: assim que o consentimento dos governados é retirado.
• O autor mostra seu assombro ao perceber como uma pequena minoria cria regras e reivindica autoridade para governar todos os outros, mantendo o monopólio da lei.
• La Boétie então investiga o mistério que faz as pessoas não se recusarem a obedecer, dado que é óbvio para ele de que todos estariam melhor sem o Estado. Isto o envia numa jornada especulativa para investigar o poder da propaganda, do medo e da ideologia em fazer com que as pessoas se conformem com sua própria sujeição.
• La Boétie prossegue, argumentando por que as pessoas devem retirar imediatamente seu consentimento ao governo. Ele exorta todas as pessoas a se erguerem e a abandonarem a tirania simplesmente recusando-se a admitir que o Estado está no comando. Para ele, o tirano não tem nada mais do que “o poder que vocês lhe conferem para destruí-los".
• Os servos voluntários gostam de ser dominados, por mais injustos que sejam os mecanismos opressores que sobre eles agem.
• A primeira razão da servidão voluntária é o HÁBITO. Por hábito, somos ensinados a servir, nos escravizamos. É o costume que, à medida em que o tempo passa, nos leva não somente a engolir, pacientemente, os sapos venenosos da escravidão, mas até mesmo a desejá-lo: “pois por melhor que seja, o natural se perde se não é cultivado, enquanto o hábito sempre nos conforma à sua maneira, apesar de nossas tendências naturais.”
• Sendo assim, de se nascer servo e ser criado na servidão decorre naturalmente a segunda razão da servidão voluntária: a COVARDIA! Sob a tirania (mesmo que disfarçada), necessariamente os homens se acovardam, se escravizam: “Os escravos não tem ardor nem constância no combate.
• Discorrendo sobre a terceira razão da servidão voluntária, a PARTICIPAÇÃO NA TIRANIA, La Boétie aponta quem são os interesseiros que se deixam seduzir pelo esplendor dos tesouros públicos sob a guarda do tirano, os que, em conluio, garantem e asseguram seu poder: “são sempre quatro ou cinco homens que o apóiam e que para ele sujeitam o país inteiro.
Para ler Discurso Sobre a Servidão Voluntária de Étienne de La Boétie:
LOCKE
• Afirmando que a alma é como uma tabula rasa - tábua sem inscrições - como um papel em branco, um pedaço de cera em que não há qualquer impressão. Quis dizer com isso que o conhecimento começa a partir da experiência sensível (os sentimentos). Se houver ideias inatas (que nascem com a gente), as crianças já nasceriam com elas.
• Sensação: as ideias que surgem imediatamente após a experiência sensível.
• Reflexão: ideias formadas no intelecto a partir de ideias de sensação; frutos da atividade mental, como a imaginação; razão reúne as ideias, as coordena, compara, distingue, compõe, ou seja, as ideias entram em conexão entre si (ideias complexas).
• qualidades primárias são objetivas (solidez, extensão, configuração, movimento, repouso e número)
• qualidades secundárias variam de sujeito para sujeito (cor, som, odor, sabor…)
• Há uma tendência ao senso comum e atribuir a condição de inatismo a certos comportamentos humanos
Para mais de John Locke, acessar Filosofia Moderna - Empirismo:
Para ler Locke, Ensaio acerca do entendimento humano:
MAQUIAVEL
• Há uma necessidade de confiar ao povo a preservação da liberdade para garantir a participação deste na vida pública.
• Para que o povo funcione como guardião de seu território, o julgamento de uma cidade, em última instância, deve ser do próprio povo.
• É necessário ter sempre muitos juízes, pois poucos juízes tendem a julgar a favor da minoria.
• Não há cidade forte sem povo, mas também não há cidade livre sem participação da maioria na vida política da cidade.
• A participação popular traz consequências. Levar o público a intenções e desejos que não são consensuais (como acontece na maior parte das vezes) pode resultar em conflitos políticos.
• Uma das maiores contribuições de Maquiavel às formulações de teóricos posteriores foi a intensa participação do povo nos negócios da cidade.
• Nicolau se destacou por refletir a respeito dos possíveis choques que essa participação poderia causar, diferentemente dos humanistas cívicos que haviam elaborado suas teses até então. São ideias novas como essa que fazem Maquiavel se destacar tanto como político revolucionário.
• Maquiavel se compara aos grandes navegadores, afirmando estar consciente dos riscos que estaria correndo ao percorrer novos caminhos na esfera do pensamento político.
• Com relação à política de defesa onde há pessoas e não um exército, é notada uma clara incompetência por parte do soberano, pois é de sua exclusiva competência formar um exército próprio para a defesa da nação.
• É de extrema importância saber-se a hora própria para instituir-se a ditadura, que, em ocasiões excepcionais, é necessária a fim de tomarem-se decisões rápidas, a dispensar, assim, consultar as tradicionais instituições do Estado. Contudo, ela deve-se instituir por período limitado, de modo a não se corromper e deve existir até quando o motivo o qual a fez precisar-se for eliminado
• Importância da fortuna, a qual tem contingência própria e o poder de mudar os fatos. Assim, o autor define o papel do homem na história: desafiá-la.
• Com base na teoria do equilíbrio, conclui-se, então, que o ideal é que se estabeleça um meio termo entre as formas de governo a serem adotadas, observando-se que a combinação das já existentes pode mostrar-se muito mais eficiente. A administração de um Estado deve adaptar-se às necessidades da população, e não às pessoas às leis.
• Tito Livio:
→Confiar ao povo a preservação da liberdade para garantir a participação deste na vida pública.
→Homens são invejosos, se inclinando mais à crítica que ao elogio, possuindo falta de análise de acontecimentos históricos.
→Fundação das cidades se dá por nativos ou por estrangeiros
→O problema não é o conflito, mas não saber administrá-lo.
→Liberdade como valor fundamental do republicanismo
Para ler Maquiavel, Discursos sobre a Primeira década de Tito Livio:
PLATÃO
• Dialética: dialogo entre opiniões contraditórias. Diálogo filosófico. Ambas as partes (tese e antítese) a argumentar, separar suas diferenças e formam uma posição que contemple o melhor do todo (síntese).
→Dialética busca encontrar a verdade
→Separar a doxa (mera opinião) da episteme (conhecimento verdadeiro)
→Sensação física é proporcionada por objetos do conhecimento.
→Opinião intelectual é-formada por nós ou terceiros.
• Método platônica: analítica tentava matemática e as ciências humanas.
• Conceito é a essência da coisa em questão.
• Define o Belo como aquilo que provoca prazer pela visão e audição. Ou seja, o Belo é aquilo que é atravessado pelos sentidos, em especial, pela visão e audição. Portanto, se conhece o que é Belo pelos sentidos. E, eles existem porque existem a música, a arte plástica, a arquitetura, etc. No finalzinho do diálogo, no desfecho, o leitor é surpreendido e a questão não se resolve, pois nas palavras de Sócrates “o que é belo é difícil”.
• Afirma que o belo é uma intuição derivado do metafísico; algo inato.
• Diz que a verdade nasce com nós, que isso vem de um plano intangível.
• O belo em essência é inatingível.
Para Ler Platão, Excerto do Diálogo Hípias Maior e excerto de A República:
SANTO AGOSTINHO: O Livre-Arbítrio
•O primeiro está dedicado à comprovação da tese de que o pecado provém do livre arbítrio; o segundo contém uma demonstração da existência de Deus, tema que absorveria a atenção da filosofia católica, sobretudo na Idade Média; e, o terceiro em que se detém na exaltação da obra de Deus.
• Logo, é evidente que há duas espécies de homens: uns amigos das coisas eternas; e outros amigos das coisas temporais. Logo, a lei eterna ordena desapegar-nos do amor das coisas temporais e voltar-nos purificados para as coisas eternas. (Livro I, terceira parte, cáp. 15, 31 e 32).
• Preocupava a Santo Agostinho a questão da existência do Mal. Os maniqueístas, com cujos princípios simpatizava, afirmavam a existência de dois princípios vitais, de igual importância: o Bem e o Mal. Em presença deste último, concluíam, os homens não são culpados de ações classificadas como más. Para refutar essa doutrina, Santo Agostinho irá partir da tese de que não se deve atribuir a Deus mas ao homem a presença do Mal. Este foi criado dispondo de livre arbítrio, com direito a fazer uso de sua liberdade. Em consequência, o pecado decorre exclusivamente do livre arbítrio do homem.
• A tradição grega da qual se louva Agostinho, havia estudado detidamente a natureza dos atos humanos, isolando aqueles que não correspondem a reações automáticas, instintivas, e impõem uma escolha. Esta depende da vontade que, para mover-se e impulsionar a ação, requer ser determinada. Como há muitos bens no mundo, aquela determinação não poderá prescindir de uma opção. Os gregos, entretanto, não chegaram ao conceito de liberdade, desenvolvimento que seria da lavra de Santo Agostinho.
• Como se indicou, o problema de Santo Agostinho diz respeito às ações de natureza moral. Dispondo do livre arbítrio, a criatura humana pode optar por bens inferiores. Dessa verificação não se pode inferir que o livre arbítrio seja um mal. Agostinho enfatiza que ter recebido de Deus uma vontade livre é para nós um grande bem. O mal é o mau uso desse grande bem.
Para ler O Livre-Arbítrio de Santo Agostinho:
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