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Filosofia Moderna II

Kant

• Fazia parte do idealismo alemão.

As coisas em si mesmas são inacessíveis, porque sempre que as conheço, as conheço em mim, e estão afetadas pela minha subjetividade, Kant as chama de númeno, dividido em:

→Aquilo que é dado: refere- se a algo que ocorre em mim, ou seja, o caos de sensações.

→Aquilo que é posto: Subjetividade que imprimo a esse algo, como as categorias fundamentais (o espaço e tempo).

Revolução Copernicana: Copérnico foi quem apresentou a teoria que o sol é o centro do sistema solar, e não a Terra, como se acreditava. Podemos fazer uma analogia disso com a teoria do conhecimento de Kant:

→O sujeito passa a ser o centro do conhecimento, em torno do qual o objeto orbita. Antes de Kant, concebia-se a ideia de que o sujeito girava em torno do objeto.

→Nesse sentido, Kant defende que as coisas se adaptam ao pensamento, e que sensações como espaço e tempo são percepções humanas, mas não existem.


Conhecer: O conhecimento pode ser dado de 2 modos:

a priori: não tem fundamento na experiência, pois é anterior a ela.

- São universais e necessários.

- Ex: matemática, física e o conhecimento de Deus.

a posteriori: tem fundamento na experiência.

- Não pode ser necessário, nem universal.

- Ex: Não é porque o sol nasceu hoje que ele nascerá todos os dias.


Conhecer: Há 3 modos de conhecer algo:

Sensibilidade

- Capta os dados da experiência

- Nos apresenta os fenômenos.

Entendimento Discursivo

- Recebe os dados da experiência e os formata por meio de conhecimentos fundamentais a priori: o espaço e o tempo (para Kant, o espaço e o tempo são intuições que temos para organizar as coisas na mente e que não existem concretamente).

- Formata os fenômenos captados pela sensibilidade para que a mente possa compreendê-los.

- Conhecer significa necessariamente transformar o que é dado pela experiência.

Razão pura:

- Fundada em princípios a priori.


Juízos: São afirmações sobre a realidade pela qual o conhecimento ocorre.

Analítico: aqueles cujo predicado está contido no sujeito.

- Explica, é universal e necessário

- São a priori.

- ex: a bola é redonda. A redondeza já está contida no conceito de bola.

Sintético: aqueles cujo predicado não está contido no sujeito.

- Acrescenta e amplia o conhecimento.

- São, em geral, a posteriori.

- ex: a mesa é de madeira. Não está contido na mesa o fato de ela ser de madeira.

- Há também juízos sintéticos a priori. São esses que interessam à ciência, pois além de serem universais e necessários (pois são a priori), acrescentam conhecimentos (pois são sintéticos).

* ex: na Matemática: 2 + 2 = 4.

* ex: na Física: “todo efeito tem uma causa”


Metafísica

→Conhecimento propriamente dito foi definido como a junção da experiência com as categorias puras, a sensação somada ao entendimento. Portanto, a metafísica é formada apenas por princípios apriorísticos.

- Por exemplo, não é possível ter experiência sensível que comprove que o Universo é infinito ou não.

→Metafísica não pode ser considerada conhecimento propriamente dito, uma vez que não temos condições necessárias para observar a experiência desse conhecimento.

→ As ideias metafísica tem uma função regulativa (devemos viver como se a alma fosse imortal, como se fossemos livres, como se Deus existisse, ainda que a razão teórica não possa demonstrar tais coisas).


Razão prática

→A razão prática é um tipo de razão pura. É uma razão pura prática, também encontrando seu fundamento a priori (antes da experiência).

→A razão pura está relacionada ao conhecimento racional, e a razão prática, ao conhecimento moral.

→A razão pura se refere a uma teoria, a um pouco saber sobre as coisas. Enquanto a razão pura prática faz referência a ação.

→Para explicar o sentido da razão prática, Kant define a existência de 2 mundos fundamentais:

- Natureza: regido pelas leis da natureza.

*O ser humano é formado tanto pelo corpo quanto pela consciência. O corpo é parte do mundo da natureza, é regido pela causalidade natural; portanto, não é livre.

*A vontade, que é parte da consciência, pode ser determinada pelas leis naturais, pelos instintos, e não é livre.

- Liberdade: a consciência é regida pela causalidade da liberdade.

*A lei da liberdade rege a vontade pura, que não é determinada naturalmente.

*Podemos encontrar a liberdade na moralidade. Ou seja, a razão prática não faz referência ao ser, mas o que deve ser.

→Segundo Kant, há no ser a consciência do dever fazer. Ele sabe quando deve fazer algo do ponto de vista moral. O indivíduo sente-se responsável, sente o dever na prática. A liberdade aparece como uma ideia reguladora. Nesse sentido, o indivíduo deve agir como se fosse livre.

→O ser humano, como pessoa que age de acordo com a moral, é livre.

Consciência do dever imperativo categórico: uma lei moral que é boa por si mesma. É uma obrigação, não um mero conselho. É necessário um imperativo que não somente obrigue, mas que também seja válido para qualquer situação.

- Boa vontade: Única coisa boa em si mesma. Se tornou a expressão do imperativo categórico.

→Ética de Kant é formal, uma vez que a ação moral está no cumprimento do imperativo categórico. A ética de Kant não é material, ou seja, não determina concretamente as virtudes boas, porque todas as virtudes podem ser usadas para o mal, dependendo do contexto.

- ex: Coragem é um bem? Depende, pois a coragem para fazer mal (como fazer algo que coloque a sua vida em risco) não é um bem

→A ação verdadeira, para Kant, é aquela que cumpre o imperativo categórico. Por exemplo, se eu fizer uma boa ação porque eu gosto, não estarei agindo moralmente. Essa ação só será automaticamente moral se minha intenção for o respeito ao dever (ao imperativo categórico).

→Para o Kant, uma ética autônoma é aquela em que a pessoa age em respeito ao dever. Já a ética heterônoma é aquela em que a pessoa age por qualquer razão que não seja o respeito ao dever.

→Razão prática é superior à razão teórica, o que implicaria considerar o ser humano como um ser que age moralmente.


Iluminismo

→Kant considerou o iluminismo como época de emancipação, pois nele o ser humano decidiu, por coragem, usar a razão como guia da própria vida e da sociedade.

→Embora o ser humano apresenta racionalidade, pode haver elementos que impeçam de chegar ao progresso. Para Kant, um dos elementos que podem impedir esse processo é a religião, pois subordina o homem a crenças irracionais e à autoridade da igreja.

→O ser humano, para iluministas, é dotado de luz natural da razão, mas não consegue obter o conhecimento do que é realmente necessário para guiar a sua ação no mundo da melhor forma possível, porque está impedido pela religião, por exemplo.

→Kant explica que o pensamento deve ser autônomo, e não pode ser tutelado pela autoridade. Por isso, considera que, no Esclarecimento, o ser humano chegou à sua maturidade: teve coragem de usar a própria razão em vez de ser tutelado.


Idealismo Alemão

Fichte:

→A razão e o conhecimento deveriam ser um sistema, um todo inter-relacionado.

→A razão prática é um esforço do “eu” finito e de se apropriar e de se relacionar com o “não eu” de forma ativa, enquanto a razão teórica é uma relação passiva com o "não eu”.

→Quando o “eu” se torna consciente de si, divide-se entre o "eu'' que pensa e que é pensado, entre o sujeito e objeto. Nesse sentido, o objeto é sempre o "não eu” e o “eu” apenas faz sentido e encontra sua identidade quando se contrapõe a algo que ele não é, o "não eu”.

→Elaborou uma noção de intersubjetividade e de reconhecimento. Sua ideia é que o sujeito é chamado por outro sujeito para o convívio mediante de uma solicitação, que leva os sujeitos ao reconhecimento, a base da intersubjetividade e da relação social: o “eu” precisa ser reconhecido como ser livre e racional para se tornar um agente autodeterminado no mundo.

Romantismo Alemão:

→Busca reencontrar o mistério na natureza - profundidade entre o espírito e o mundo. ​

→Resgata os aspectos da vida que o iluminismo e a ciência moderna haviam deixado de lado.​

Schelling:

→Buscou mostrar que as tentativas anteriores de encontrar unidade entre o subjetivo e o objetivo caiam novamente em uma divisão: ou reduziam a unidade ao subjetivo ou reduziam a unidade ao objetivo (onda não há sujeito nem liberdade).

→A vida humana já é conectada à natureza.

Hegel

→O objetivo da filosofia deve ser a própria relação com o mundo.

→Para Hegel, há 2 princípios básicos:

- razão deve poder provar que o conhecimento é possível, mostrando que há uma identidade entre o pensamento e o ser.

- razão deve encontrar o fundamento de todo o conhecimento, que deve ser ela mesma; eu outras palavras, a razão deve ser capaz de conhecer seu fundamento, e este é o mesmo fundamento do ser e da existência.

→A realidade se propaga como algo que é e também como a sua negação, ou seja, algo que não é. Conclui-se que a realidade é contraditória, como tal, sem sentido.

→A realidade é racional, e a racionalidade é real.

→A verdade é aquela que se mantém e se desenvolve em um processo cíclico, até que se mostra imune às críticas de acordo com a realidade.

→Existem 3 etapas da formação do conhecimento:

- O momento de entendimento, em que o conceito é determinado positivamente.

- O momento da razão dialética, em que o objeto determinado positivamente tem o seu sentido levado ao extremo, até se encontrar nele a possibilidade de contradição, isto é, a sua negação.

- O momento da razão especulativa, da superação, em que a contradição posta pela razão dialética é resolvida em um conceito superior.

→Para ele, tudo deve ser comprovado racionalmente, e toda tentativa de prova deve passar pelo crivo crítico da razão, respondendo a todas as objeções que possam ser levantadas.


Marx

• Tinha a realidade histórica e concreta como base para suas reflexões filosóficas e para a elaboração de suas teorias. ​

• Motivou a prática política impulsionando a mobilização operária e os movimentos comunistas por todo o mundo.

• Teceu sua crítica ao idealismo por meio do materialismo (defende que não são os pensamentos que determinam a realidade material, mas é a realidade material que determina o pensamento). ​

• Desde que viva em sociedade, o indivíduo tanto age na sociedade como é influenciado por ela.

• O que determina a classe social de um indivíduo não é sua condição financeira, mas a posição que ocupa no sistema de produção.

• O motor da sociedade são as relações econômicas, isto é, a forma de organização de produção, do consumo e das trocas, que inclui a organização do trabalho e dos meios de produção.

• As sociedades modificam-se historicamente, passando por etapas que são determinadas pelo desenvolvimento das capacidades produtivas; para Marx, até mesmo o pensamento é determinado pela estrutura econômica da sociedade

• Uma vez que a sociedade é estruturada de acordo com a organização da produção, quando as forças produtivas aumentam ou mudam, a sociedade muda também.

• A mercadoria contém valores: um deles é sua utilidade, ou seja, seu valor de uso; o outro é a utilidade que pode ter para a sociedade, que me permite trocá-la, ou o seu valor de troca.

→Tudo na sociedade capitalista, inclusive o trabalho humano, é reduzido a um equivalente geral do seu valor de troca: o dinheiro.

• O trabalho é o instrumento de perpetuação de desigualdade social no capitalismo, o que ocorre por meio da extração da mais-valia (gerada pela apropriação do produto do trabalho por parte do proprietário dos meios de produção).

→Como o produto do trabalho é muitas vezes superior ao seu valor pago ao trabalhador, gera-se o mais-valia, que fica de posse do empresário capitalista e lhe garante o lucro.

• Marx classificou o desenvolvimento da sociedade em 5 estágios:

1) estágio tribal, em que há propriedade comum sobre as coisas e o uso da terra, e não há distinção de classes.

2) estágio do modelo escravista, em que os senhores submetem pessoas escravizadas à sua vontade e as utilizam como peças para a produção.

3) estágio do modelo feudal de servidão, em que a posição social é definida pela origem e pelo grau de nobreza do indivíduo.

4) estágio do capitalismo, marcado pela propriedade privada dos meios de produção e pela classe capitalista (burguesia) e a classe trabalhadora.

5) estágio pós-revolução, em que a propriedade privada é suprimida e passa a ser de propriedade do Estado, que é controlado pelos trabalhadores (ditadura do proletariado e socialismo) até a implantação do comunismo, em que a propriedade seria suprimida, o uso da riqueza, do solo, dos meios de produção se tornaria livre e comum a todos. A humanidade voltaria assim ao estágio inicial de igualdade.


Kierkegaard

• Apontou o irracionalismo dos paradoxos que cercam a vida humana como algumas razões da gratuidade por estar no mundo. “O mundo me dá náusea, ele é insípido, não tem sal nem sentido”.

• Para ele, é pela via da subjetividade que o indivíduo toma consciência de si.

• Quando fazemos escolhas na vida, não são os encadeamentos lógicos que indicam o melhor caminho. Existir significa escolher algo entre infinitas possibilidades. Essa escolha pode gerar angústia (chamada pelo filósofo de vertigem da liberdade). Os seres humanos buscam fugir dessa tormenta que é a angústia que assola a todos.

→Na vida, deve-se olhar pra frente ao fazer novas escolhas, entretanto, ela só pode ser compreendida quando olhamos para trás.

→Quando o indivíduo não consegue lidar com as consequências da decisão tomada, surge o sentimento de desespero.

• De acordo com as escolhas que fazemos, conformemo-nos com dimensões de vida que se resumem em 3 tipos:

Estética: o ser humano tem de lidar com sua exterioridade e com a questão do prazer.

Ética: equilibra o exterior com o interior e experimenta a liberdade ao harmonizar sua subjetividade com o ordenamento social.

Religiosa: considerada a consciência do erro diante de Deus e, por isso, a mais elevada, o ser humano descobre um significado para a angústia diante da relação do seu “eu” com o homem-Deus.

• Kierkegaard entende a fé como a única via para a superação do sofrimento de viver em um mundo cheio de desespero e angústia.


Nietzsche

Apolíneo e Dionisíaco

→Segundo o filósofo, ao instaurar o império da razão, Sócrates teria enfraquecido e degenerado a força ativa e afirmativa dos rituais míticos da tragédia e das músicas gregas, que eram a verdadeira expressão da alma daquela cultura. Depois de Sócrates, o saber instintivo foi reprimido e a vida passou a estar separada do pensamento.

→Nietzsche associa a tragédia a Dionísio, deus grego do vinho, dos instintos estéticos primitivos, alegres, transbordantes, orgiásticos e aventureiros. Nesse domínio, o ser humano buscava superar seus limites e decifrar o destino por meio do contato harmonioso com os deuses.

→Nietzsche também associa o deus Apolo à racionalidade, comedimento, serenidade, ordenação, clareza e equilíbrio.

→O indivíduo grego do período clássico, ao privilegiar o predomínio da razão imposto por Sócrates, teria perdido o elo com o Dionisíaco.

→Com o predomínio do apolíneo ao dionisíaco, o ser humano se tornava escravo de uma moral de rebanho.

→Para o filósofo, o ideal seria o equilíbrio desses dois conceitos opostos.

Niilismo

→Significa a negação da realidade, ou seja, uma circunstância em que os valores considerados superiores perdem a razão de ser. Existem dois sentidos:

- Niilismo negativo: nega-se a vida terrena em nome de outra vida, ou seja, troca-se o presente físico, das sensações, do dever e dos conflitos, pela certeza da verdade reservada e pela transcendência da vida eterna no paraíso.

- Niilismo reativo: consta que “Deus está morto”, ou seja, que a ciência matou Deus, e dessa forma, passou a ter mais poder na sociedade Moderna do que a religião. A ideia religiosa de vida eterna deixa de fazer sentido.

→Para Nietzsche, o niilismo tem o sentido positivo: o de reforçar o pacto com a vida. O que tem valor para ele é a vida, a força, a saúde, o impulso e a vontade de conquistar.

Vontade de potência e o super-homem

→Para o filósofo, o bem supremo é a própria vida, que é expressa na vontade de potência (a determinação de viver e a vontade de criar novos valores). Para o pensador, essa determinação é expressa e confirmada eminentemente na arte trágica grega, e se nega ou se enfraquece na busca da verdade, no sentido que ela assume na tradição filosófica socrática. A vontade de potência leva o indivíduo a se superar e a criar um novo modelo de ser humano ético, sensível, senhor dos próprios gestos e atos. Esse ser corresponde ao super-homem

→A essência do super-homem consiste em viver em eterna inquietação e imerso no conflito. Ele tem uma disposição de espírito oposto à moral do rebanho, que vive com apego à compaixão, à piedade cristã e à promessa de uma vida em outra dimensão.

Eterno Retorno

→Baseado em Heráclito, Nietzsche afirma que, uma vez realizadas todas as combinações possíveis de ações do mundo, e depois de transcorrido algum tempo, o ciclo de ações recomeça e a repetição ocorre de modo indefinido. Em outras palavras, tudo que acontece no mundo, acontecerá novamente. A concepção de tempo cíclico é defendida pelo filósofo.

→Nietzsche acredita que a experiência da constatação inevitável de sofrimento pode ser transformada no amor fati (amor ao destino). Ter amor fati é se dispor a abraçar todos os infortúnios da vida, inclusive que ela é imponderável e imprevisível.


Fonte: CERICATO, Lauri. et al. Revisão Anual de Filosofia. São Paulo, SP: Editora FTD, 2018.



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