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História: Mundo Bipolar I

  • Foto do escritor: alando
    alando
  • 18 de jul. de 2021
  • 10 min de leitura

Atualizado: 29 de out. de 2021

Mundo Bipolar

• Com o fim da 2ª guerra, as duas maiores potências mundiais (EUA e URSS) passaram a disputar a hegemonia global e a influência sobre os demais países. Nesse contexto, a Europa foi dividida entre zonas com influência capitalista dos EUA e com influência socialista da URSS.

• As duas potências passaram a rivalizar pelo controle da ordem mundial, dando início a Guerra Fria (1945-1989). Ainda que não tenha ocorrido nenhum tipo de conflito direto entre URSS e EUA, a influência das disputas entre as potenciais provocou inúmeros enfrentamentos em outros lugares do mundo.

• Em 1946, o ministro inglês Winston Churchill criou uma expressão que definiria bem essa divisão: Cortina de Ferro.

• O resultado mais imediato dessa polarização da Europa foi a divisão da Alemanha, oficializada em 1949 com a criação da República Federal da Alemanha (RFA ou Alemanha Ocidental, subordinada aos EUA) e da República Popular Democrática Alemã (RDA ou Alemanha Oriental, subordinada à URSS).

Muro de Berlim: sua construção começou em 1961 para concretizar essa divisão, impedindo o deslocamento de cidadãos de uma parte da cidade para a outra.

• Ao final da 2ª Guerra, a economia de muitos países da Europa ocidental estava enfraquecida, o que era visto pelos EUA como possibilidade de avanço do socialismo nesses países. Para afastar esses riscos, os EUA implementou 2 políticas:

Doutrina Truman:

- Consistia na intervenção dos EUA nas regiões que se encontravam sob risco de se tornar uma zona de influência soviética.

Plano Marshall:

- Constituiu em empréstimos a juros baixos aos países europeus para ajudar na reconstrução e na estabilização social desses países. Dessa forma, esperava-se que a prosperidade econômica diminuiria a influência de ideias radicais e enfraqueceria os movimentos socialistas nos países europeus.

- Sua lógica econômica estava embasada no fato de que a economia estadunidense era inseparável da economia europeia, por isso o crescimento da Europa possibilitaria também o crescimento dos EUA.

Macarthismo:

→O período da Guerra Fria foi marcado pelo intenso uso de propaganda política que construiu imagens negativas dos regimes comunistas e que destacava a ameaça que esses regimes representam aos indivíduos, seus hábitos e suas liberdades cotidianas.

→Macarthismo foi um movimento anticomunista responsavel por uma intensa perseguição a pessoas que tivessem qualquer simpatia por ideias de esquerda, criando um clima de terror, desconfiando de tudo e de todos. Centenas de pessoas foram julgadas e presas, acusadas de envolvimento com o comunismo.

→O cinema e as séries de televisão faziam propaganda do estilo de vida estadunidense, considerado como ideal. Muitas produções mostravam uma visão do mundo maniqueísta, em que o capitalismo representava o bom e o socialismo, o mal, o que contribuía para colocar a opinião pública contra políticos socialistas e pessoas identificadas com movimentos de esquerda.


Os Primeiros Conflitos

Comecon e Pacto de Varsóvia

→Avanço das forças soviéticas durante a 2ª guerra resultou na ocupação de diversos países do Leste Europeu, conseguindo o reconhecimento dessa região como a sua zona de influência.

→Diante da ameaça de ação estadunidense, a URSS intensificou sua intervenção na organização política dos países do leste Europeu, criando, em 1949, o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon) entre os países. O regime socialista foi imposto nesses países, passando a ser permitida a existência de apenas um partido.

→Em resposta a criação da Otan, a União Soviética e os países do leste europeu firmaram, em 1955, o Pacto de Varsóvia (acordo de cooperação militar). Porém, essa força foi mais usada para conter movimentos internos de oposição ao regime.

Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)

→Aliança militar entre os EUA, Canadá e alguns países da Europa ocidental, criada em 1949.

→Seu objetivo principal era criar um auxílio militar mútuo e barrar o possível avanço soviético.

→Pode ser visto como um complemento a Doutrina Truman e ao Plano Marshall, garantindo a coordenação de ações militares e econômicas de países capitalistas contra qualquer tipo de ameaça comunista.

→No final da Guerra fria, alguns países que pertenciam à URSS aderiram à Otan.

Corrida Armamentista

→A partir de 1950, os países passaram a investir em tecnologia bélica, possibilitando a criação de mísseis de longo alcance, armas nucleares cada vez mais destrutivas, jatos supersônicos, satélites e outros artefatos que visavam ameaçar a potência rival em caso de um conflito aberto entre as duas nações.

→Em 1945, os EUA provaram a sua capacidade armamentista ao lançar as bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki.

→A URSS também teve sucesso em testar suas armas nucleares. Portanto, as duas potências tinham o controle de armas nucleares e representavam uma ameaça recíproca.

Corrida Espacial

→Nações passam a investir em pesquisas tecnológicas e científicas, gerando a corrida espacial.

→Em 1957, a URSS lançou para o espaço o primeiro satélite artificial. Lançaram também, no mesmo ano, o primeiro ser vivo ao espaço, a cadela Laika, no Sputnik 2.

→Em 1961, a URSS levou o primeiro humano a entrar no espaço, Yuri Gagarin. Em 1963, também levou a primeira mulher ao espaço, Valentina Tereshkova.

→Em 1969, os EUA foi o primeiro a enviar seres humanos à lua, transmitindo o ato pela TV, representando uma vitória simbólica capitalista.

A Guerra da Coreia

→Ao final da segunda guerra mundial, a Coreia foi dividida em duas zonas de ocupação: norte (apoiada pela URSS) e sul (apoiada pelos EUA). No norte, surgiu a República Democrática da Coreia; no sul, foi instaurada uma ditadura militar.

→Em 1950, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul, com a pretensão de unificar a península sob o regime comunista. Os EUA e a ONU interviram. Porém, a China também interviu, buscando evitar o avanço da influência estadunidense na Ásia, obrigando o recuo das tropas estadunidenses.

→Esse recuo permitiu que a Coreia do Norte se militarizasse e se preparasse para invadir a qualquer momento a Coreia do Sul. A Coreia do Sul decidiu criar uma “zona desmilitarizada”, protegida com cercas e guaritas de modo a monitorar as forças do norte e evitar uma nova invasão.

→Em 1953, as duas Coreias assinaram o armistício de Pan-Mun-Jon, suspendendo as hostilidades e estabelecendo que as fronteiras entre os dois países seria restabelecida no que foi decidido ao final da 2ª guerra, acordo que permanece em vigor até hoje.


Revolução Chinesa

• Até o final do século 20, a China era governada por uma monarquia autoritária quando uma revolução democrática a derrubou, porém a revolução não conseguiu implantar uma democracia. Então, criaram um novo movimento que passou a lutar pela autonomia da China e pela democratização do país, o Kuomintang.

• Iniciou-se uma disputa pelo poder entre o novo partido e os militares que controlavam o governo republicano.

• Pela influência da Revolução Russa, o comunismo se espalhou pela China, levando a criação do Partido Comunista Chinês em 1921, se opondo aos militares.

• Entre 1926 e 1927, ocorreu uma guerra civil pelo controle político da China, com a prevalência das forças do Kuomintang e do Partido Comunista, que se uniram contra os militares.

• Durante o processo de luta, líderes do Kuomintang deram um golpe de Estado, passando a governar a China e perseguindo comunistas e militares para evitar uma nova revolução. Com isso, iniciou-se uma nova guerra civil, que foi até 1937.

• O conflito enfraqueceu a China, facilitando o avanço militar japonês sobre o país. Os japoneses ocuparam diversos territórios, permanecendo no país até o final da segunda guerra.

• A presença japonesa na China, além de ter sido muito violenta, agravou a miséria e o sofrimento de grande parcela da população. Com isso, o exército vermelho foi convocado, com o apoio dos soviéticos na luta pela posse do poder.

• Entre 1945 e 1949, Kuomintang e o Partido Comunista lutaram pelo poder. O conflito acabou com a invasão de Pequim por comunistas, derrubando o Kuomintang e iniciando a República Popular da China, com Mao Tse-tung como presidente.

• A URSS e a China se aproximaram politicamente, assinando o Tratado de Amizade, Aliança e Ajuda. Porém, romperam suas relações diplomáticas em 1962, devido a desentendimentos políticos agravados com a morte de Stalin, em 1953.

• A China se tornou uma força regional que não se alinhou nem com os EUA, nem com a URSS. Criou a via chinesa, uma política externa que mantinha a autonomia diante dos interesses das duas potências da Guerra Fria.

• Os longos períodos de conflitos da China (guerras civis) provocaram grandes danos na economia. Então, os comunistas decidiram adotar o mesmo modelo da URSS de economia planificada e com forte influência do Estado, além de reconstruir o país, os chineses pretendiam modernizar a sua economia e dar início a um processo acelerado de industrialização, bem como promover a reforma agrária.

Revolução Cultural Chinesa

→Em maio de 1966, foram publicados pontos que defendiam a continuidade do movimento revolucionário comunista e a perseguição de qualquer tipo de influência burguesa na sociedade.

→As propostas tiveram apoio popular, o que permitiu a organização da Guarda Vermelha, que perseguiu todos aqueles que eram identificados como reacionários ou burgueses.

→A Revolução Cultural motivou a perseguição política e também práticas de censura aos que eram contrários à revolução.

A Guerra Fria nas Décadas de 1960 e 1970

Guerra do Vietnã

→Antiga colônia francesa, declarou sua independência em 1945 e formou a República Democrática do Vietnã, com tendência socialista. Deu origem a 4 países: Camboja, Laos e os 2 Vietnãs (Vietnã do Norte, comunista; e Vietnã do Sul, monárquico e pró-ocidental).

→Por meio de um plebiscito, a população decidiria se queria se reunificar com o norte comunista. Os governantes, com medo de perderem e terem que se juntarem ao norte, deram um golpe e instalaram uma ditadura no Vietnã do sul.

→Os opositores do regime, os vietcongues, organizaram a Frente de Libertação Nacional (FLN), apoiada pelo Vietnã do Norte em 1959, o que gerou uma guerra civil.

→Os EUA intervieram em 1963 visando conter o avanço comunista e restabelecer o governo pró-EUA na região.

→Em 1973, os EUA foram obrigados a assinarem o Acordo de Paris, no qual reconhecia a derrota na Guerra do Vietnã e deixavam o caminho livre para a sua reunificação sob um governo comunista, originando a República Socialista do Vietnã.

Movimentos sociais nos EUA

→Nessa época, Martin Luther King e o movimento negro contribuíram para o fortalecimento de outros movimentos sociais de contestação dos EUA. Surgiu uma nova onda de lutas feministas e as primeiras manifestações contra a Guerra do Vietnã.

→Os movimentos passaram a contestar o American Way of Life, do consumo e de padrões e comportamento considerados conservadores, passando a defender novas maneiras de viver.

→Isso resultou nos movimentos de contracultura, que lutavam contra o modismo e o consumismo.

A coexistência pacífica

→Período marcado pelo apogeu do regime soviético, com a economia recuperada após a 2ª guerra. Com isso, a União Soviética igualou seu potencial militar aos dos EUA.

→Para evitar o risco de uma guerra entre 2 potenciais, a União Soviética objetivava estabelecer relações diplomáticas com os EUA, porém esse plano foi adiado devido a mudança de líderes na URSS.

→Após acumularem enorme quantidade de armamentos, houve o resfriamento dos desentendimentos entre as potências, e suas aproximações. Um período conhecido como Distensão ou Détente. Isso ocorreu devido a crise do petróleo e da crise econômica da URSS, que não tinha mais recursos para competir com os EUA.


Populismo na América Latina

• México, Argentina e Brasil se industrializaram na maior escala durante o século 20. Porém, durante a década de 1930, as economias exportadoras foram impactadas pela Crise de 1929.

• No mesmo período que houve a descoberta de jazidas de petróleo, imigração de europeus, difusão dos ideias socialistas, crescimento dos sindicatos e de partidos comunistas houve a ascensão de lideranças carismáticas que deram origem ao populismo.

• Na América Latina, surgia um pensamento desenvolvimentista, caracterizado pela busca de integração e pelo esforço de solucionar o baixo nível de industrialização das economias da região.

• A forte dependência do capital externo que a America-Latina possuía incentivou os países a buscarem um desenvolvimento mais independente, baseado na exportação e na nacionalização de recursos naturais.

Populismo

→Entre 1930 e 1950, quando as economias eram dependentes e voltadas para o mercado externo, surgiram governantes populistas, como Getúlio Vargas, Árbenz (Guatemala), Péron (Argentina), Cárdenas (México)...

→Em seus governos, buscavam sustentar o poder com base na grande popularidade, estimulada por ações de propaganda, distribuição de renda, reforma agrária, assistência social e aprovação de legislações trabalhistas.

→Estabeleceu uma política nacional de afirmação em relação às grandes potências, o que não resultou em ruptura com os mecanismos de dependência.

→O populismo caracterizava-se pela mediação de conflitos entre o setor capitalista-empresarial e a classe trabalhadora.

→O populismo dependia da imagem de um líder forte que despertasse a adesão das massas trabalhadores.

Populismo no México

→Cárdenas foi o mais importante líder populista, se beneficiando do contexto de luta contra o fascismo e da crise econômica, fortaleceu o Estado para evitar interferências dos EUA.

→Protegeu as organizações de operários, preservando o direito de greve e estimulando a criação da Confederação dos Trabalhadores Mexicanos e de sindicatos.

→Realizou forte reforma agrária, além de adotar medidas desenvolvimentistas e nacionalistas.

→Modificou a economia mexicana, organizou as massas populares sob a liderança do Estado, e estabeleceu a conciliação entre trabalhadores e burguesia.

→A estrutura de Cárdenas serviu de base para a criação do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que se manteve no poder até 2000 por meio da corrupção e sufocamento da oposição.

Populismo na Argentina

→Um golpe de estado derrubou o governo, assumindo um novo regime comandado por Péron com postura autoritária que estabeleceu fortes relações com a Igreja Católica.

→Péron atuou na elaboração de novas leis trabalhistas, conquistando o apoio popular.

→Apesar de desagradar a elite, sendo preso, foi libertado devido a revoluções populares. Em 1946, se elegeu presidente, ficando no poder até 1952.

→Seu governo atacou a oposição, censurou meios de comunicação, aumentou a propaganda oficial, interferiu no sistema de ensino e intensificou a influência estatal nos sindicatos.

→O 2º mandato de Perón foi iniciado em 1952. Devido a desconfiança popular e a falta de recursos após as reformas do seu primeiro mandato, Peron sofreu oposição cada vez maior, renunciando ao cargo em 1955 diante de uma revolta civil-militar.

Ditaduras na América Latina

• Muitas ditaduras aconteceram na América latina no século 20. Porém, a partir do fim da década de 1970, fatores externos e internos colaboraram para a abertura política. Em geral, as ditaduras perderam sustentação devido a crises econômicas e ao desgaste político por conta do crescimento de oposições. Além disso, a opinião pública internacional passou a pressionar os regimes autoritários, cujos crimes se tornavam cada vez mais divulgados. Com isso, a partir da década de 1980, a democracia foi gradualmente restabelecida na América Latina.

A Ditadura Chilena (1973 - 1980)

→Houve um golpe em 1973, assumindo Pinochet, que intensificou a concentração de renda e dos lucros e abriu o capital econômico chileno.

→A ditadura chilena foi extremamente violenta e marcada por perseguições e torturas aos opositores.

→A ditadura entrou em declínio em 1980, quando a inflação, o desemprego e a dívida externa ruíram a base do regime.

A Ditadura Argentina (1976 - 1983)

→Considerada a mais violenta da América do Sul. Para exterminar seus opositores, os militares argentinos utilizaram o Estado para praticar o terror por meio de invasões de domicílios e execuções.

→Devido a grave crise econômica da Argentina no início dos anos 1980, a população ficou ainda mais descontente com o regime. Em 1983, o regime caiu após desgaste devido a um conflito armado que se envolveu.


Fonte: CERICATO, Lauri. et al. Revisão Anual de História - Módulo 4. São Paulo, SP: Editora FTD, 2018.



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